quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Simão Toco - Gerção 90s já ouviu falar.

 Essa é a primeira de uma série de post voltados, pra assuntos de áfrica, sobre tudo aqueles que a geração dos anos noventa muitas vezes ouve falar, e não faz Idea quem são.

Simão Toco nasceu em Fevereiro de 1918, no norte de Angola, em Quisadi quibango e é considerado um profeta africano. Iniciado muito jovem no culto baptista, numa linha de pensamento próxima de Simão Quimbangu. Ele funda um movimento religioso inicialmente denominado “Kitawala” e que persegui-a sobretudo o poder colonial Belga no Congo, onde vivia pouco antes da independência deste.


Fundação da igreja toquista, ocorre em 25 de julho de 1949 e o que assinala o nascimento deste movimento, é a narrativa da descida do Espírito Santo sobre Simão Toco e seus companheiros, numa noite de oração, quando estes começaram a tremer, falar em línguas desconhecidas e citar passagem da Bíblia, notadamente Actos I e II.


Uma vez presos e deportados pelo regime belga e entregues ao governo Português, em 1950, o movimento tocoísta adquiriu uma nova dimensão. Simão Toco e seus aderentes foram espalhados por diversas partes do território angolano, no intuito português de enfraquecer o movimento. Todavia, este espalhamento (que incluiu sucessivas transferências de Simão Toco para várias regiões do país) resultou na disseminação da doutrina tocoísta, tornando o movimento trans – étnico e nacional e não apenas de carácter bakongo/angolano.

As características da doutrina tocoísta eram basicamente a de recusa do regime colonial, sem no entanto estabelecer uma ruptura a nível político com este regime, adoptando uma postura de obediência às autoridades e de dedicação ao trabalho e aos estudos, com ênfase no aprendizagem da língua portuguesa. A separação (espiritual) operada pelo grupo religioso do “mundo dos brancos” foi acompanhada do rompimento com alguns valores tradicionais, sobretudo relacionados às autoridades tradicionais.

Esta atitude indica a vontade de alheamento do grupo religioso tanto do sistema burocrático colonial (mundo dos brancos) como do sistema “costumeiro” (poder tradicional).
Neste caso, a importância dada às mulheres na hierarquia da igreja, a proibição da poligamia e a adopção de algumas regras de vestimenta (à ocidental), corte de cabelo e uso de símbolos de identificação indicam esta posição refractária ao sistema tradicional e de criação de um grupo à parte.

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